Será que os tipos de pisos influenciam na sua corrida?

Será que os tipos de pisos influenciam na sua corrida?

Asfalto, concreto, grama, areia ou esteira? Existem diversos tipos de terrenos para a prática da corrida, além das diferenças que envolvem a absorção de impacto e o fortalecimento da musculatura. Outra questão discutida é se o calçado interfere mesmo no desempenho do atleta.

Asfalto – Para Ana Paula Simões, médica ortopedista e especialista em traumatologia esportiva, correr no asfalto gera um alto impacto no pé. “Você tem uma energia muito grande que é acionada diretamente para os ossos, então é como se fosse um lutador de boxe treinando na parede”, explica.

Com a grande quantidade de corridas de rua, o piso duro é muito utilizado, sendo uma boa alternativa para quem quer melhorar a velocidade. Neste caso, a dica de Raquel Castanharo, fisioterapeuta mestre em biomecânica da corrida, é usar a musculatura da forma mais correta possível, absorvendo assim o impacto.

Concreto – Já quando o atleta parte para a atividade no concreto, a preocupação com a maneira de correr deve ser redobrada. Neste caso, o essencial é o esportista fazer uma aterrissagem mais suave. “Em um terreno mais duro, você tem que prestar ainda mais atenção no seu corpo, para absorver esse impacto. Uma das dicas é tentar correr sem fazer barulho”, recomenda a fisioterapeuta.

Por ser mais rígido, o terreno deve ser evitado, caso a pessoa não tenha uma boa mecânica de corrida.

Grama – Para aquele atleta que se lesionou e está voltando gradativamente aos treinos, a grama é uma boa opção. “É uma superfície mais macia e um pouco mais fácil de correr, mas não é ela que vai te impedir de se machucar”, declara Raquel Castanharo.

Como é uma superfície que pode ter irregularidades, é uma opção interessante para quem está treinando para corridas de montanha. Nessas condições, o essencial é tomar cuidado para não lesionar o tornozelo.

Areia – Assim como na grama, o corredor deve se atentar aos desníveis que pode encontrar ao longo do percurso na areia. É um piso ideal para treino de estabilidade de tornozelo e força muscular.

Esteira – Por permitir uma corrida com menor força de impulsão, é também indicada para o retorno após alguma lesão. Na esteira, o atleta corre em uma superfície que facilita a aterrissagem, assim como os treinos de mecânica da corrida.

Foto de Tênis para correr

Calçado x Pisada

Independente do calçado e sua função de proteger os pés contra objetos cortantes, por exemplo, ele não previne e nem trata lesões. O que realmente faz a diferença é o jeito que o atleta corre. “Existe uma ideia de que um tênis com muito amortecimento e muita tecnologia vai proteger a pessoa do impacto, isso não é verdade. O tênis gera uma sensação de conforto, certa maciez na pisada, mas o impacto continua ali”, conta Raquel Castanharo.

Mesmo não sendo o principal fator no momento da corrida, Ana Paula Simões recomenda que o atleta priorize os calçados com melhor sistema de amortecimento e que possibilite inverter a pressão em cima do pé. Além disso, é importante fortalecer bastante a musculatura e investir nas palmilhas.

Já os tênis minimalistas são indicados para quem já é corredor profissional, por ter a musculatura mais preparada. Afinal, são calçados que não absorvem nenhum impacto e dão a sensação correr descalço. “Eles forçam muito a estrutura do pé, que não é preparada para receber tanta energia”, finaliza a doutora.

Com todas essas dicas, o essencial para o esportista é intercalar os treinos sempre que possível, principalmente para não correr apenas em superfícies muito duras, como o asfalto e o concreto.

Artigo originalmente publicado em: Webrum.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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