Como se prevenir das fraturas por estresse? Veja 5 dicas

As fraturas por estresse são lesões comuns em atletas que praticam modalidades de muito impacto, como a corrida. Elas ocorrem quando os músculos perdem a habilidade de absorver este impacto repetitivo e transferem a responsabilidade para o osso, que não tem resistência o suficiente para aguentá-lo.

A Dra. Ana Paula Simões, mestre em Ortopedia e Traumatologia do Esporte, explica que este tipo de lesão pode ocorrer por fatores do tipo intrínseco e extrínseco. “Os intrínsecos são os eminentes de cada ser humano, os mais comuns são o sobrepeso, quando a pessoa vai para uma atividade física e acaba sobrecarregando os ossos por conta do excesso de peso. Existe também a questão muscular, quando o músculo não está preparado para determinada atividade e até a própria questão genética, como a osteogenia e algumas doenças metabólicas, como o hipertireoidismo”.

Já os fatores extrínsecos podem ser desde o uso do tênis inapropriado até o excesso de treinamento. “Um dos fatores mais recorrentes é o aumento súbito de carga, com mais volume e velocidade, de uma forma a qual o corredor não estava preparado. O tipo da pisada (pronada, supinada ou neutra) também pode interferir na absorção do impacto pelo músculo. E até mesmo um tênis que não seja específico para running pode propiciar o aparecimento de uma lesão”, explica.

Doença dos corredores?

A maior parte destas lesões ocorrem nas pernas, especialmente no tornozelo e no pé, mas em alguns casos também podem afetar a região do joelho. Geralmente, os atletas que mais sofrem com as fraturas por estresse são de modalidades como o tênis, ginástica, atletismo, corrida e basquete. Para a doutora é um mito dizer que é a corrida que gera uma fratura por estresse. Ela acredita que a frequência desse tipo de lesão em corredores, deve-se ao fato do número de adeptos da modalidade estar crescendo cada vez mais.

“Estatisticamente a corrida tem um número maior de praticantes, por isso parece que essa lesão atinge mais quem corre. Falar que ela é o causador principal é um mito, já que qualquer atividade de impacto onde o músculo não consegue absorver, nem impulsionar vai causar uma sobrecarga direta no osso”.

Mulheres

As mulheres são as mais afetadas por fraturas por estresse, pois seus ossos são biologicamente menos resistentes que os dos homens. Mas como ninguém está imune deve-se prestar atenção no corpo. O primeiro sintoma que deve servir de alerta é a dor e mesmo assim, segundo a doutora, não é tão simples diagnosticar a lesão.

“Desde o primeiro sinal até o último é muito subjetivo porque tem gente que chega ao consultório já no grau quatro e fala que está sentindo uma dorzinha leve, enquanto outros chegam no grau um dizendo que não conseguem mais andar”.

Uma possível vermelhidão no local dolorido também deve ser observada, pois pode demonstrar uma infecção. “A fratura por estresse é insidiosa, as pessoas sentem aos poucos e às vezes existe algum momento mais agudo. Geralmente o atleta espera a dor alterar a performance para só então ir procurar um especialista. É muito difícil saber quando a lesão de fato começou”, conta a ortopedista.

Por ser um problema no osso a única forma de diagnosticar precisamente é por meio de uma ressonância magnética, em geral uma simples radiografia não é capaz de classificar o nível da fratura.

Mas como o melhor é sempre tentar se prevenir, a Dra. Ana Paula recomenda cinco pontos onde você deve redobrar a atenção se não quiser sofrer com uma fratura por estresse.

1. Orientação

O indicado é que a pessoa tenha uma planilha de treino elaborada por um profissional.

2. Adaptar o local de treino

Tente sempre correr em terrenos que absorvam mais impacto, como areia, grama e saibro alternando com solos mais rígidos.

3. Equipamento

Usar um tênis com bom sistema de amortecimento é fundamental e eventualmente, se necessário, até inserir palmilhas corretivas para melhorar a pisada.

4. Cuidados com o corpo

Além do fortalecimento muscular, fazer exercícios funcionais como os educativos para corrigir os gestos esportivos e a postura na hora da corrida é muito indicado.

5. Ter uma vida saudável

Se alimente e suplemente bem, afinal na corrida perdemos eletrólitos, cálcio e massa. O ideal é fazer o metabolismo funcionar corretamente.

Além desses pontos, a Dra. Ana Paula ressalta que se consultar com um ortopedista regularmente pode ajudar a evitar as lesões. “A pessoa deve investigar, sempre fazer um check up geral e se tiver histórico familiar de doenças ósseas, como a osteoporose, o cuidado deve ser ainda maior”.

Dra. Ana Paula Simões
Médica do esporte, ortopedista e traumatologista, professora instrutora e mestre pela Santa Casa de São Paulo, especialista em medicina esportiva e cirurgiã do tornozelo e pé.

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